quinta-feira, 5 de maio de 2011

AS ÁRVORES E O AMBIENTE




Artigo Jornal "A Tribuna"

Artigo publicado no jornal "A Tribuna" em 09/05/2003, a respeito da arborização da cidade de Santos SP

TRANSCRIÇÃO:

(*) Domingos Mariotti Tringali

As Árvores e o Ambiente

O saudoso gênio Burle Marx, em passagem por nossa Cidade, anos atrás, foi convidado a opinar sobre o jardim de nossas praias. Falou em monotonia, em predominância dos chapéus-de-sol (Terminalia catappa). Foi delicado e sutil. Quem tem oportunidade de conhecer seu famoso sitio, ou mesmo suas obras paisagísticas, constata sua paixão pelas plantas nativas. Não percebeu quem não quis, sua sugestão de trocar ou reduzir a quantidade desta citada planta.
Aqui as pessoas se abraçam aos chapéus-de-sol, no menor sinal de remoção, mesmo de exemplares comprometidos.
Todos sabem da quantidade de folhas liberadas todo ano por essas árvores. Eu particularmente acredito que um dos fatores de maior influência no crescimento da população de mosquitos da dengue em nossa região é sem duvida o acúmulo de folhas na rede de escoamento pluvial, represando água em local quente e úmido.
O trabalho paisagístico pode, e deve, ajudar na preservação do meio ambiente.
A Baixada Santista, como caso específico, é coroada por uma "muralha" que nos separa do Planalto Paulista. Esta serra é um dos resquícios de uma grande floresta, riquissima em vida animal e vegetal, de grande importância ao equilibrio do meio em que vivemos e nos criamos. A Mata Atântica, como é denominada, é influente e responsável pela qualidade do nosso ar, nossas águas, nossos peixes, nossas fertilidades, nossos passáros, nossas marés, nossa flora, nosso clima e nossas vidas. Infelizmente, o equilibrio atual é muito tênue e pouco duradouro. As consequências deste desequilíbrio são em parte conhecidas pelo que aconteceu em Cubatão há poucos anos atrás. O homem costuma criar boa parte de suas próprias catástrofes.




A introdução, em nossos jardins, de espécies estranhas ao nosso ambiente, diferentemente das espécies oriundas da nossa floresta, pode ser ponto de partida para a disseminação dessas espécies em um ambiente do qual não fazem parte.
É sabido que a introdução de novas espécies em habitat estranho influi diretamente na relação entre os seres que habitam este ambiente, aumentando e diminuindo populações, ou mesmo instabilizando fisicamente este ambiente.
Com a ajuda de pássaros, insetos, ventos, chuvas e mesmo do próprio homem, as populações vegetais se movem, e são ou não são bem sucedidas nesta nova ocupação, de acordo com a variação de muitos outros fatores, a maioria deles influenciados pelo homem.
As pessoas envolvidas com a elaboração e implantação de projetos paisagísticos podem e devem dar sua contribuição na recuperação e preservação de áreas degradadas, na medida que procurarem incluir em suas obras exemplares vegetais nativos de nossa região.
Tal prática estimulará a produção local destes espécimes para abastecer esta nova necessidade criada, o que ajudará na preservação das mesmas e de suas influências sobre a biodiversidade local.
Agora, a Prefeitura de Santos pretende replantar 100 pés de chapéus-de-sol de grande porte em nossos jardins. Não seria a hora de pensarmos em outras espécies?
Que tal algumas oriundas de nossa Mata Atlântica? Por que temos que ajudar a multiplicar uma planta nativa de outra região do planeta?
Por que perder a oportunidade de ir na direção certa?
A natureza agradece.


 (*) Domingos Mariotti Tringali é engenheiro agrônomo, com atuação nas áreas de paisagísmo e recuperação de áreas degradadas.





 
(13) 99738 4758

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